Winnicott, Donald Woods

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 "" O primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mae: A sua expressao, o seu olhar, 

      a sua voz.[...] E como se o bebe pensasse: Olho e sou visto, logo, existo!""

Winnicott

 

Donald Winnicott foi uma das maiores figuras da psicanálise de todos os tempos.

Nasceu em 1896 em Plymouth, Inglaterra, onde viveu num lar bem estruturado, era o filho caçula entre mais duas irmãs.

Formou-se em medicina, iniciando como pediatra bem-sucedido, especialidade que exerceu durante quarenta anos, tendo tratado mais de 60 mil casos.

Neste período, já evidenciava sua preocupação com os aspectos emocionais dos seus pequenos pacientes na interação com as respectivas mães.

No mesmo de sua formatura em medicina (1923), Winnicott iniciou sua análise com J. Strachey, a qual se prolongou por 10 anos.

Sua supervisão psicanalítica foi com Melanie Klein durante alguns anos.

Winnicott tinha verdadeira paixão pela infância, como mostra o relatório da Pequena Piggle, publicado após sua morte. Essa menina tinha dois anos quando foi paciente de Winnicott, e ele a viu durante 3 anos, tendo feito sessões consideradas como memoráveis. Foi o fundador da psicanálise de crianças na Grã-Bretanha, antes da chegada a Londres de Melanie Klein, numa época em que praticamente só terapeutas mulheres dedicavam-se ao tratamento com crianças.

Divorciado da primeira mulher, Alice, uma artista ceramista, Winnicott casou-se com Clare, uma assistente social que veio a tornar-se psicanalista e tendo feito sua análise com M. Klein. Por ocassião das ‘Controvérsias’ acontecidas no seio da Sociedade Pscianalítica Britânica no período de 1943 a 1944, Winnicott resolver ficar com o Grupo dos Independentes.

As maiores fontes inspiradoras de Winnicott foram Freud, Klein e o biólogo Darwin, cuja teoria da seleção natural induziu-o à concepção de que um bebê depende fundamentalmente de um ambiente facilitador para sua sobrevivência e estruturação psíquica.

Publicou seu primeiro trabalho em 1936, no qual estudou a relação entre os conflitos emocionais e os transtornos da alimentação.

Aos poucos, foi revelando uma predileção por pacientes psicóticos, borderline e adolescentes com conduta anti-social.

A obra total de Winnnicott consta de mais de 200 títulos, contidos em quatro livros, cujos principais conceitos são apontados no que segue.Em 1945, Winnicott publica seu clássico livro ‘Desenvolvimento emocional primitivo’, no qual propõe que a maturação e o desenvolvimento emcional da criança processam-se em três etapas: 1. Integração e personalização; 2. Adaptação à realidade; 3. Crueldade primitiva. Em 1951, surgem os estudos de Winnicott relativos aos fenômenos, espaços e objetos transicionais. Em 1958, Winnicott publica o seu artigo ‘A capacidade para estar só’, no qual revela seu gosto pelo emprego de conceituações paradoxais. Sua importante concepção se refere à capacidade da criança de ficar só quando mais a mãe está presente, porém uma invisível e recíproca confiança básica mantém-nas unidas. No ano de 1960, há um marco siginificativo na obra de Winnicott, o qual então publica dois dos seus mais importantes trabalhos: um é ‘A teoria paterno-filial’, onde define o papel da mãe no desenvolvimento emocional do filho, e descreve o estado psicológico da preocupação (ou devoção) materna primária, desenvolve as funções da mãe como ego auxiliar, e como uma função holding. O segundo trabalho é ‘Deformação do ego em termos de um verdadeiro e um falso self’. Neste, Winnicott expõe que quando as falhas ambientais ameaçam sua continuidade existencial, a criança se vê obrigada a deformar seu verdadeiro ‘self’ em prol de uma submissão às exigências ambientais, notadamente dos pais, o que leva à construção de um falso self. Em 1971 publica o livro ‘O brincar e a realidade’ e neste sobressai o artigo ‘O papel de espelho da mãe e da família’, no qual Winnicott tece novas considerações acerca do olhar da mãe na (des)estruturação do self do filho.

Sofrendo de problemas cardíacos desde 1948, Winnicott falece subitamente em 1971, com então 74 anos, sem deixar filhos que não os representados pelo legado de sua magnífica obra e uma legião de seguidores.

(FONTE: ZIMERMAN, David E. Vocabulário contemporâneo de psicanálise, Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 433 e ss.)

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