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Sociedade Rorschach de São Paulo

  • As manchas de tinta de Hermann Rorschach: Vamos Olhar?

As Manchas de Tinta de Hermann Rorschach: Vamos Olhar?

Giselle B. Petri M. Costa *.

…” Quando nos sentamos junto a alguém para aplicarmos a prova de Rorschach, nos sentamos com alguém que vai, auxiliado pelas manchas de tinta, fazer um recorte em seu saber organizado. Esta pessoa vai mostrar seu mundo interno do modo como lhe é possível: através das qualidades perceptuais do mundo ao seu redor e através do julgamento crítico que lhe permite se fazer entender em seu grupo social através dos signos e significados com ele partilhados. Posso entender a aplicação de Rorschach como um convite para um trabalho de construção onde o examinando, a partir das características configuracionais das manchas, comunica seu saber organizado. Não há uma simples projeção de afetos nas manchas, há uma apropriação das características das manchas e um trabalho de construção mental que permite, então, configurar, de forma socialmente comunicável, o seu mundo interno. Através da atenção, percepção, elaboração, memória, simbolização e da ação torna-se possível estar integralmente no mundo social, em uma relação autêntica em um contato direto com a realidade exterior. Ao olhar a produção de alguém diante das manchas de Rorschach, procuro encontrar o caminho percorrido na busca de uma forma para aquilo que não tem forma: afetos, emoções, desejos, impulsos, ambições, vazio, sentimento de ser. O social, ao provocar no examinando a expressão das impressões diante das manchas de tinta, efetua o funcionamento da personalidade, estrutura a própria estrutura e legisla, em sua rede única de significados, a estrutura epistemológica e plural da personalidade humana.”

E, aqui também está o meu olhar. E, o seu olhar, qual é?

Vamos olhar as manchas de tinta de Hermann Rorschach?

Acesse na íntegra: Sociedade Rorschach de São Paulo – Mauris ac eros nec elit dignissim interdum

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Síndrome do Pânico, desamparo, ansiedades no corpo.

Acesse na íntegra:  Síndrome do Pânico: Um Tratamento Eficaz

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O Desamparo

Há uma relação significativa entre o Pânico e as crises de ansiedade disparadas pelas situações de separação na infância. Uma boa parte das pessoas que desenvolvem Transtorno do Pânico não conseguiu construir uma referência interna do outro (inicialmente a mãe) que lhe propiciasse segurança e estabilidade emocional. Esta falta de confiança pode trazer, em momentos críticos, vivências profundas de desconexão e desamparo, disparando crises de pânico.

A experiência do Pânico é muito próxima do desespero atávico de uma criança pequena que se sente sozinha, uma experiência limite de sofrimento intenso, de sentir-se exposta ao devir, frágil, desp rotegida, sob o risco do aniquilamento e da morte.

As pessoas com Pânico sofrem com uma falta de conexão básica, falta de conexão e confiança nos vínculos e falta de conexão e confiança no corpo, o que leva a uma vivência de insegurança, com sentimentos de fragilidade, vulnerabilidade e desamparo.

Artur Scarpato : Psicólogo Clínico (PUC SP). Mestre em Psicologia Clínica pela PUC SP. Especialização em Psicologia Hospitalar pelo Hospital das Clínicas da U.S.P. e em Cinesiologia Psicológica pelo Instituto Sedes Sapientiae. Desenvolve desde 1995 um tratamento especializado para pessoas com Síndrome do Pânico, Fobia Social e Traumas.

Contribuições de Piera Aulagnier à Psicanálise.

Contribuições de Piera Aulagnier à Psicanálise.

Paula Regina Peron **

Piera Aulagnier foi psicanalista, de formação médica psiquiátrica. Nascida em 1923, em Milão, viveu no Egito, Roma e Paris, casou-se duas vezes, adquirindo no segundo casamento o sobrenome de Cornelius Castoriadis, psicanalista grego e filósofo, de quem também se divorciou. Analisada por Lacan e Serge Viderman, fez sua formação na Sociedade Francesa de Psicanálise, ajudou a fundar a Escola Freudiana de Paris, juntamente com Lacan, Leclaire, Rosolato, Clavreul, Perrier e Valabrega, e finalmente, junto aos dois últimos, afastou-se de Lacan para fundar o Quatrième Groupe. Aulagnier faleceu em 1991, deixando uma produção marcante. Tal produção embasa a publicação organizada por Maria Lucia Vieira Violante: Desejo e Identificação.

O livro é resultado de discussões psicanalíticas realizadas no Laboratório de Estudos e Pesquisas Piera Aulagnier, grupo cadastrado junto ao CNPq e liderado pela Professora da Pós-Graduação em Psicologia Clínica da PUC de São Paulo, Maria Lucia Vieira Violante, primeira intérprete de língua portuguesa da psicanalista Piera Aulagnier. Ao lado de Violante estão outros três psicanalistas franceses também intérpretes, que trabalham para a divulgação da obra que, segundo Maurice Dayan, é menos difundida do que seria legitimo desejar. Para Violante, a obra da dissidente de Lacan talvez tenha sido ofuscada pelo lacanismo disseminado na França e em outros países como Argentina e Brasil.

De certa forma, por um lado, aqui no Brasil temos sorte neste sentido. Violante também é autora do livro “Piera Aulagnier, uma contribuição contemporânea à obra de Freud”, lançado pela Editora Via Lettera/Fapesp, onde apresenta a obra de maneira acessível aos psicanalistas, dadas a dificuldade e erudição dos textos de Piera. Na Pós-Graduação da PUC/SP, a professora também ministra aulas a este respeito.

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Por outro lado, alguns livros de Aulagnier estão esgotados no Brasil (são quatro no total, e 50 textos ao todo, publicados em livros e revistas psicanalíticas) e, conforme comenta Violante, as traduções para o português apresentam erros

* Resenha do livro Desejo e Identificação. Organizado por Maria Lucia Vieira Violante. Editora Anna Blume, São Paulo, 2010.

** Doutora em Psicologia Clínica pela PUC/SP, professora do Curso de Psicologia da mesma instituição, pelo Departamento de Psicodinâmica, e de cursos de extensão na COGEAE/SP. E-mail: prperon@uol.com.br e sociedade.

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conceituais importantes. Por isto, no livro Desejo e Identificação, a professora reapresenta o texto fundamental “Nascimento de um corpo, origem de uma história” – base inicial para seus desenvolvimentos futuros, onde Piera fala sobre as funções e disfunções do corpo na mediação da relação entre o bebê e os outros – e “O trabalho da interpretação. A função do prazer no trabalho analítico”, em tradução cuidadosa diretamente do francês.

A obra de Aulagnier traz principalmente contribuições baseadas na prática analítica da autora, ao estudo das psicoses e ao estudo das funções do Eu. A partir de desenvolvimentos metapsicológicos nesta direção, Aulagnier examina a psicopatologia e teoriza as potencialidades neurótica, psicótica e polimorfa, derivadas de conflitos identificatórios específicos, que obstaculizam as funções do Eu de pensar e investir. Também figura como uma importante contribuição sua a renovação da visão psicanalítica acerca da relação mãe-criança, onde Aulagnier resgata a relevância da presença paterna. Em resumo, Aulagnier enriquece a Psicanálise em suas dimensões metapsicólogica, psicopatológica, metodológica, técnica e, por fim, ética. Vemos assim a envergadura de suas produções.

O livro organizado por Violante traz uma entrevista de Aulagnier a Hornstein, na qual a autora discute brevemente sua prática clínica, as funções do Eu, a noção de realidade psíquica, a psicose, a pulsão de morte, o desejo de filho e de maternidade (que a autora diferencia, o último sendo uma repetição especular da relação da mãe com sua própria mãe), entre outras questões. Há também um artigo de Violante acerca de sua tese de doutorado sobre a potencialidade melancólica, outros quatro artigos de participantes do Laboratório, um artigo da Coordenadora do Núcleo de Piera Aulagnier da Sociedade de Psicanálise da Cidade do Rio de Janeiro, Maria Pompéa Ferreira Carneiro e, finalmente, a homenagem póstuma de Maurice Dayan a Piera.

O artigo de Violante traz acréscimos à sua tese, cujos sujeitos foram crianças portadoras da postulada potencialidade melancólica: eu empobrecido, baixa auto-estima, idealização do outro, dependência de provisões narcísicas vindas de fora. A autora reitera que a potencialidade melancólica é uma das modalidades da potencialidade polimorfa, entre as neuroses e psicoses.

Ivone Carmem Dias Gomes publica aqui “Significações primárias: a palavra no processo primário”, também revisitando sua tese de doutorado sobre a gagueira em crianças pequenas. No artigo, a psicanalista examina o conceito de significações primárias, referente à compreensão da palavra no processo primário, uma das maneiras de funcionamento psíquico, precedido pelo processo originário e seguido do funcionamento secundário, postulados por Aulagnier. Dias Gomes fala da percepção

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da sonoridade na criança, que parte do prazer de ouvir, passa pelo desejo de escutar e alcança a exigência de significação, própria do processo secundário. Para Aulagnier, há uma primazia da audição sobre as outras zonas erógenas, o que é explorado no artigo aqui citado, para teorizar sobre as primeiras percepções sonoras do bebê.

A seguir, Maria Cristina Petrucci Solé, em “O prazer de ouvir a voz materna”, a partir de sua experiência clínica, interroga-se sobre a surdez e os dispositivos clássicos da Psicanálise. Aulagnier não teorizou sobre a surdez, mas tem sido usada por psicanalistas para o entendimento da subjetividade de pessoas surdas. Solé afirma que os sujeitos surdos são incapazes de ouvir, mas não de escutar o desejo materno ou as significações simbólicas, que são transmitidas por restos auditivos e sinais visíveis e provocarão o desejo de escutar e o desejo de entender o que o outro fala.

Edna Linhares Garcia é autora de “A problemática paterna na potencialidade polimorfa”, usando sua experiência no Ambulatório de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da UNICAMP, onde alguns sujeitos que buscavam atendimento traziam uma representação paterna destituída de atributos, o que a autora relacionou ao estabelecimento da potencialidade polimorfa, onde estão incluídas a perversão, a toxicomania, certas somatizações e relações passionais ou alienantes. Aqui a autora fala da importância dos sentimentos positivos que a mãe destina ao pai da criança e as respostas do pai, o que segundo Aulagnier é fundamental para compor uma cena de realidade suficiente para os investimentos identificatórios do Eu – onde exista outro Eu além da mãe. O artigo ajuda a discutir possíveis marcas deixadas pela realidade histórica de destituição do pai dos atributos de poder e autoridade.

A professora da UNIFESP Vera Zimmermann, em “Pensando adolescentes ‘estados-limites’: Pensando a ‘esperança’, problematiza a vida psíquica dos adolescentes portadores de dificuldades em sua constituição, acompanhados de fracasso escolar, prejuízos em suas funções de pensar, investir e historizar o seu próprio Eu, e de se organizarem mediante os ideais familiares e sociais. São sujeitos que escaparam da psicose, mas não atingiram a estruturação neurótica. A autora discute estratégias de tratamento analítico focadas no acesso à ilusão e seu papel encorajador frente às frustrações das buscas identificatórias, através de oficinas institucionais realizadas pela analista.

Maria Pompéa Ferreira Carneiro teoriza, em “De um corpo falado a um eu que se engorda”, sobre os primeiros encontros do bebê com o seio, que acionam o sistema psíquico originário, e sobre o campo relacional mãe-bebê, explorando as noções de ‘sombra falada’, ‘porta-voz’, ‘violência primária’, compondo o caminho do bebê, de um sujeito falado a um sujeito do discurso.

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Em resumo, o livro oferece-nos novas traduções de textos de Aulagnier e outros artigos que fazem trabalhar suas teorizações frente aos desafios que a clínica psicanalítica comporta, destrinchando e esclarecendo os principais conceitos metapsicológicos da autora. Desta maneira, é leitura obrigatória aos estudantes de Aulagnier e daqueles que, a partir da teoria freudiana e lacaniana, se perguntam sobre vivências psíquicas envolvidas nas construções da psicopatologia da vida psíquica.

Exibicionismo, homossexualidades e estados depressivos.

acesse:  “Exibicionismo” – 20/12/2010

autor : Brett Kahr

 

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Sinopse

Por que razão sentem certos perversos a compulsão de expor os seus órgãos genitais em lugares públicos?

Neste seu livro de leitura acessível e amplamente informado, Brett Kahr explora a psicologia e a psicopatologia do exibicionismo, tanto nas suas manifestações clínicas como culturais.

Kahr descreve o perfil da personalidade do exibicionista genital masculino tradicional, e explora depois as contribuições da psicanálise para a interpretação e tratamento do exibicionismo como fenómeno clínico, referindo-se aos escritos de Freud e à literatura pós-freudiana sobre as suas causas enraizadas numa infância precoce.

O livro inclui uma sinopse da história do exibicionismo, bem como uma análise do exibicionismo feminino, e conclui observando a sublimação do exibicionismo na cultura contemporânea – por exemplo, no fenômeno dos programas de televisão ao vivo.

Discute as diferenças entre um exibicionismo saudável e as suas manifestações mais patológicas, e considera também o “inibicionismo”, perigoso reverso do primeiro, que pode levar os indivíduos a uma inibição receosa da sua criatividade.

 

Silêncio nos dias atuais, e a capacidade de estar só.

Considerações sobre o silêncio na clínica psicanalítica: dos primórdios aos dias atuais.

Camila Braz Padrão*

fonte na integra : _sobre_o_silencio_na_clinica_psicanalitica.pdf

Tempo?

Tempo parece ser tudo que não temos.

Correndo contra o relógio tentamos dar conta de uma série infindável de compromissos que parecemos não ter escolhido, que apenas se impõem a nós numa tentativa sem sentido de “se encaixar na prateleira” das inúmeras exigências de performance que caracterizam uma sociedade do espetáculo.

E entre trabalho, filhos, academia, trânsito, mercados e bancos, não há tempo a perder e qualquer momento de espera nos parece perda de tempo.

Mas esperar em silêncio é, certamente, pior que apenas esperar.

Então, esperamos o ônibus com nosso MP3 player, esperamos a volta da novela com as baboseiras dos anúncios, esperamos a fila do banco cantando.

O interminável jantar só pode ser suportado com a TV ligada, mesmo que não a olhemos, pois o que nos serve é o barulho.Pelo insuportável que o esperar comporta para nós, sujeitos contemporâneos, o fazemos sempre na companhia de algum recurso sonoro que preencha o não menos insuportável silêncio desses momentos.

Assim, o autor afirma que a capacidade de estar só constitui um fenômeno altamente sofisticado, que depende inicialmente da existência de um ambiente suficientemente bom no plano do real, que por sua vez, pode ser internalizado como um objeto bom na realidade psíquica do indivíduo.

“Há sempre alguém presente, alguém que é (…) equivalente, inconscientemente, a mãe, (…) na ocasião interessada em mais nada que não fosse seu cuidado” (Winnicott, 1983, p.37). Presença essa que, ao longo do desenvolvimento emocional, vai se constituindo como um objeto interno.

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